PALAVRAS DE AMOR ATÉ 14 DE FEVEREIRO. HOJE COM ARAGONEZ MARQUES

10-02-2020

Sentado no chão Sérgio enfrentava o vento.

De pé, a seu lado, a Bé olhava-o com uma mão pousada sobre a sua cabeça.

As gaivotas circundavam-nos cada vez mais perto, grandes, cruzando-se no ar, as asas misturadas umas nas outras, como acrobatas no poço da morte.

A voz de Sérgio ouviu-se:

- Desculpa.

A Bé sentou-se.

- Sabes? - disse-lhe ela - parece-me que gosto de ti palerma - e puxando-lhe a cabeça beijou-o.

Sérgio deixou cair o corpo para trás e ficou deitado no cais sentindo o corpo da Bé sobre o seu. 

As gaivotas gritavam cada vez mais.

Os pescadores continuavam a trabalhar e eles ali, como se estivessem no oásis mais solitário do deserto.

A buzina de uma traineira ecoou na noite.

As suas luzes encheram a doca.

Sérgio e Bé levantaram-se.

- Tu és louca.

- Vamos dormir à praia - disse-lhe ela - está calor.

Deram as mãos e entraram no areal onde o mar se adivinhava no escuro pelo seu som repetido.

- E se fizéssemos uma fogueira?

(...)

Excerto de "Margens de um Rio Violento"


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