PALAVRAS DE AMOR ATÉ 14 DE FEVEREIRO. HOJE COM ARAGONEZ MARQUES
Sentado no chão Sérgio enfrentava o vento.
De pé, a seu lado, a Bé olhava-o com uma mão pousada sobre a sua cabeça.
As gaivotas circundavam-nos cada vez mais perto, grandes, cruzando-se no ar, as asas misturadas umas nas outras, como acrobatas no poço da morte.
A voz de Sérgio ouviu-se:
- Desculpa.
A Bé sentou-se.
- Sabes? - disse-lhe ela - parece-me que gosto de ti palerma - e puxando-lhe a cabeça beijou-o.
Sérgio deixou cair o corpo para trás e ficou deitado no cais sentindo o corpo da Bé sobre o seu.
As gaivotas gritavam cada vez mais.
Os pescadores continuavam a trabalhar e eles ali, como se estivessem no oásis mais solitário do deserto.
A buzina de uma traineira ecoou na noite.
As suas luzes encheram a doca.
Sérgio e Bé levantaram-se.
- Tu és louca.
- Vamos dormir à praia - disse-lhe ela - está calor.
Deram as mãos e entraram no areal onde o mar se adivinhava no escuro pelo seu som repetido.
- E se fizéssemos uma fogueira?
(...)
Excerto de "Margens de um Rio Violento"