MARGENS DE UM RIO VIOLENTO, UMA ESCOLHA CERTA PARA LER ESTE VERÃO
MARGENS DE UM RIO VIOLENTO
Aragonez Marques
O Pirata, o Mãos-de-Sabão, o Cegonha, o Popular, o Chico Orelhas, o Piriscas, o Bairro do Cata-Vento onde os meninos jogavam o xito e saíam pela noite levar às mães e irmãs aos seus trabalhos nas ruelas da grande cidade.
Mas também outros, adultos, como a Filomena (a moçoila gorda dos olhos sapudos), a Dona Cremilde (recitadora de terços), o Maurício, o Director, o Motorista, a "amante" do monitor Faustino, o professor hipnotizado pela liberdade da namorada e, ainda, "as entradas galegas", as "rodas mudas", o assalto à casa do Director, o pardal que tinha ninho no bolso de uma camisa, as fugas, os quartos de isolamento...
Os números pelos quais as crianças eram tratadas, 112, 118, 12 e o 78, o do João Patrício que se recusava a responder se não fosse pelo seu nome.
Trata-se de um livro onde meninos condenados pelos tribunais viviam misturados com meninos órfãos, a sua única delinquência. O tempo das célebres Colónias Penais que a Constituição da República, dando cumprimento a "todas as crianças têm direito à educação..." conseguia colocar escolas com professores habilitados dentro dos seus muros.
Margens De Um Rio Violento foi começado a escrever como denúncia e hoje impresso como memória.
Todo o cenário da novela é verídico, os comportamentos também.
Ressalve-se a liberdade de invenção de uma história.