Lançamento do romance "A Geração que Quis Ser Feliz", última obra de Avelino Bento
Lançamento
O romance "A Geração que Quis Ser Feliz", última obra do nosso autor Avelino Bento, será apresentado no dia 14 de novembro, pelas 16H, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Portalegre, instituição que apoia esta iniciativa.
Prólogo "A Geração que Quis Ser Feliz"
11 de janeiro de 1971, dez horas da manhã, Cais da Rocha do Conde de Óbidos, em Alcântara. Centenas de militares de rendição individual despedem-se dos seus grupos de famílias e amigos. Mães chorosas, pais conformados, avós tristes e amigos divertidos tentam distrair aqueles de quem se despedem. Uns, já casados e com filhos, abraçados às suas famílias. Outros, abraçados por mulheres jovens que poderão ser namoradas, esposas ou irmãs. Outros, ainda sós, sem um abraço de cumplicidade ou de amor. Observando bem, vê-se uma ou outra mulher jovem, quase escondida, olhando com tristeza para alguns grupos. Porventura antigas namoradas trocadas por outras ou por nenhuma. Mas há uma em particular que chora compulsivamente. Um choro sem som, amparando o seu ventre com ambas as mãos. Hesita várias vezes se se dirige para um grupo. Esta indecisão não pode demorar muito, se não, será descoberta. Decididamente não, não se aproximará e, anulando a intenção de avançar, inverte a marcha com uma tristeza profunda, desparecendo no meio da multidão.
Avelino Bento
A apresentação estará a cargo do Professor Luís Miguel Cardoso,
autor do Posfácio da obra
Em A Geração que quis ser feliz, encontramos um autor empírico que viveu a experiência dos loci e dos tempora, ou seja, o espírito dos lugares e dos tempos, igualmente com um epicentro, a Guerra na Guiné, que o modificou enquanto sujeito que experimentou/experienciou o mundo da guerra e o fez reconfigurar o olhar sobre o passado anterior a África, o passado em África e o passado depois de África. (...) O nosso conhecimento sobre o autor vai desvelando, de forma maliciosamente persistente, apesar da consciência da obrigatoriedade de separação entre o escritor e o narrador, os fragmentos de uma vida que emergem subtilmente à superfície das camadas narrativas: as viagens, a cultura, Canadá, Paris e a Guiné, o teatro, a docência, a animação sociocultural, o ambiente académico, o perfil político, as atividades culturais em África, as campanhas de alfabetização, o 25 de Abril, a guerra, a poesia "que um dia havia de publicar", entre muitos outros, e dos quais deixámos um, em particular, para o fim: a preparação dos camaradas de armas para dizerem a "Toada de Portalegre" de José Régio...
(Excerto do Posfácio)
Luís Miguel Cardoso (Docente do Instituto Politécnico de Portalegre e Investigador do Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa)