José-António Chocolate, FINALISTA DO PREMIO INTERNACIONAL DE POESIA JOVELLANOS pelo segundo ano consecutivo
Muitos parabéns!
FILIGRANA EDITORA deseja ao nosso autor as maiores felicidades por este importante reconhecimento internacional.
Era de paz que falávamos
Poema FINALISTA do Premio Internacional de Poesía Jovellanos 2021
Este poema foi distinguido com inclusão nos 30 finalistas (10º na classificação do júri), entre 2669 trabalhos a concurso do VIII Prémio Internacional Jovellanos, "El Mejor Poema del Mundo", iniciativa da Capital Mundial da Poesia.
Era de paz que falávamos
Era de paz que falávamos
como brisa fosse ao fim da tarde,
quando a calma se impõe sobre as agruras do dia.
A paz nas mãos em concha a agradecer o fruto colhido pela manhã
e o sol desabrido de todos os desencontros,
a pele enrugada às mãos dos homens em mais uma jornada.
A paz num olhar calmo que se dobra, sereno e descansado.
O corpo a escutar a mansidão dos gestos,
ao encontro da palavra certa, simples e abreviada,
só necessária e útil no registo do silêncio revisitado.
Era de paz que falávamos
como vontade extrema no limite infinito que se procura,
como se fosse possível ter paz em nós que somos esse mundo
tão feito dos outros e das coisas
e do que nos fazem as coisas e os outros,
universo que nos envolve e nossa circunstância.
Sim era dessa paz, justa e reclamada
a que é preciso despir a ambição
e ser apenas razão simples de existir.
Era dessa paz que falávamos,
a paz que é preciso descobrir,
a liberdade do pensamento que voa,
sabendo de nós e do lugar e pousa no sorriso e no vagar.
Era dessa paz procurada sem receio nem contradição,
ritmo cadenciado duma breve conversa,
como se estivesse mesmo à mão.
E mais nada sendo ou coisa que a impeça
de ser partilha e comunhão, fosse mais forte que o desejo,
uma luz que iluminasse um beijo ou talvez uma ideia, uma paixão.
Era de paz que falávamos.
A paz, voz da fala de nós mesmos.
José-António Chocolate