Apresentação da obra literária de Avelino Bento na Biblioteca Municipal de Arronches
NO DIA 15 DE ABRIL, PELAS 16H00
Avelino Bento, o escritor mais prolífico de Filigrana Editora
Avelino Bento, o escritor mais prolífico de Filigrana Editora, apresentará a sua obra literária na Biblioteca Municipal de Arronches, no dia 15 de abril, pelas 16:00H.
Faça connosco uma viagem pela sua apaixonante biografia e pela sua cativante bibliografia, com paragens em diversos géneros literários: romance, conto, poesia…
Uma vida e uma obra que percorrem os caminhos da História, da Cultura, do Ensino e das Artes.
Quatro destinos esperam por si:
- A Geração que Quis Ser Feliz (romance).
- Os Últimos Putos Neo-Realistas (contos)
- Quarent´ (ena mais poemas!) (poesia)
- No Rio… Onde Começa o Mar (poesia)
A seguir encontrará um pequeno roteiro de cada um deles.
Boa Viagem!
A Geração que Quis Ser Feliz
11 de janeiro de 1971, dez horas da manhã, Cais da Rocha do Conde de Óbidos, em Alcântara. Centenas de militares de rendição individual despedem-se dos seus grupos de famílias e amigos. Mães chorosas, pais conformados, avós tristes e amigos divertidos tentam distrair aqueles de quem se despedem. Uns, já casados e com filhos, abraçados às suas famílias. Outros, abraçados por mulheres jovens que poderão ser namoradas, esposas ou irmãs. Outros, ainda sós, sem um abraço de cumplicidade ou de amor. Observando bem, vê-se uma ou outra mulher jovem, quase escondida, olhando com tristeza para alguns grupos. Porventura antigas namoradas trocadas por outras ou por nenhuma. Mas há uma em particular que chora compulsivamente. Um choro sem som, amparando o seu ventre com ambas as mãos. Hesita várias vezes se se dirige para um grupo. Esta indecisão não pode demorar muito, se não, será descoberta. Decididamente não, não se aproximará e, anulando a intenção de avançar, inverte a marcha com uma tristeza profunda, desparecendo no meio da multidão.
(Prólogo - Avelino Bento)
OS ÚLTIMOS PUTOS NEO-REALISTAS
(…) as histórias que vão a ser contadas fazem parte de um reportório de comportamentos de uma geração que ainda herdou uma cultura de meninos na rua. Não falamos aqui de "meninos da rua". Estes eram os mais marginalizados, os pobres, os sem-abrigo, os sem cuidados, os que não tinham horas para regressar a lugar algum. Eram o sublupem do lumpemproletariado. Os outros, os pobretes e alegretes, tinham casas, pequenas é verdade, iam-se alimentando em função da féria semanal que os pais levavam para sustento da família, às vezes festejavam os anos, tinham horas para regressar ao lar e até iam estudar com o sacrifício dos progenitores. Eram estes miúdos que brincavam e faziam as suas traquinices na rua.
(…) Estas histórias, com um misto de ficção e realidade, aconteciam entre 1958 e 1964, no perímetro que envolvia as freguesias de Sacavém, Camarate, Unhos, Moscavide, Olivais, Cabo Ruivo, Marvila, Alvalade e Campo Grande. Mas que poderia ser em qualquer parte do país: no litoral ou no interior; nas grandes ou nas pequenas cidades.
(…)
(Excerto do Prefácio- Avelino Bento)
Quarent´(ena mais poemas!)
Um olhar para o confinamento imposto pela pandemia, projetando ruas vazias, janelas e casas fechadas, um distanciamento forçado no qual o calor dos cumprimentos, dos beijos e dos abraços deixou de existir, além das recordações dos instantes em que a proximidade unia corações e descortinava a felicidade de mãos que se apertavam e amores que se doavam. E a invisibilidade do vírus tornava-o incognoscível, levando-nos a conjecturar a sua inexistência de modo benfazejo e libertador.
(...)
O poeta aglutina no instante existencial todos os sonhos de uma vida, eternizando-os nas suas palavras, preservando-lhes a quinta-essência em forma de poesia.
(...)
É "o nosso fado, cantemo-lo todos a sonhar". E quem resiste aos apelos da poesia?
Do prólogo da autoria de Humberto Lima de Aragão Filho- Doutor em Letras, Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia- Universidade de São Paulo (Brasil).
No Rio... Onde Começa o Mar
(...)
Digamos que foi a trilogia Homem-Artista-Pedagogo, vivida intensamente, que me levou a projectar mais esta necessidade. A de escrever poesia.
Apesar de escrever versos desde sempre, que estarão no fundo de alguma gaveta, a minha condição de jubilado levou-me a reflectir de uma forma diferente sobre a vida. Tendo mais tempo, mais solidão e menos ocupação, os sentimentos bailam no centro da vida, levando-me a questioná-la amiúde, enquanto ela se esvai no espaço, no tempo, nas memórias e nos afectos.
É esta a razão porque escrevo, porque leio, porque passeio, só, com a família ou com o meu cão; é a razão ainda porque faço artesanato, porque distribuo e recebo afectos e também porque ainda sonho e vivo em esperança.
O critério de selecção dos poemas é arbitrário. Uns têm algo de autobiográfico, outros são escritos ao sabor da pena. Uns demonstram humor, outros amor. (...)
Do prólogo, da autoria de Avelino Bento