ARAGONEZ MARQUES
Biografia:
Obras publicadas com Filigrana Editora
COLEÇÃO ARAGONEZ MARQUES:
A Mulher do Sargento Espanhol
Margens de um Rio Violento
A descoberta de uma falange, de uma falanginha, de uma falangeta e de uma rótula, nas valas onde se enterravam os porcos durante a calamitosa Peste Suína Africana, leva-nos a descobrir uma aldeia que cresce graças a uma Santa que foi enterrada viva.
Uma carta recebida da Argentina empurra-nos para uma ferida aberta pela guerra civil espanhola que influencia Portugal clandestinamente.
Uma emigrante que limpa o pó ao "abuelo" embalsamado.
O primeiro amor de Perón.
Behamonde, o herói aviador republicano, irmão do general Franco.
O acidente do avião da Madeira.
Pinceladas de Buenos Aires, Açores, Mulhacén, o Vale dos Caídos, La Roca de la Sierra, mas também Arronches, Elvas, Portalegre, Ribeira de Nisa... Alentejo.
Cheiros de um tempo em que as criadas de servir serviam para tudo, criadas por quem serviam.
Uma escola reprodutora do sistema com personagens que o mantinham.
Uma igreja que se cansava de manter um regime.
Personagens de loucura, Cinha Cinhona, o Engoletudo, Paulo Macedónia, o primo Júlio, o padre Cabral, a Dona Antónia, o Zé da Coelha, Papafina de Jesus, o Ventoinha, o Zarolho, o Espanhol, Salazar o Cigano, Patrocínio Marques casada com Salustiano Perez Román, o sargento espanhol, e muitas outras, que se cruzaram, se tocaram, mas não se encontraram.
Um romance vertiginoso onde se misturam tempos e memórias e onde a Mulher, nua e crua, é central no desenrolar da história que se conta.
A Mulher do Sargento Espanhol é ficção pura, marioneta nos dedos da realidade.
A Mulher do Sargento Espanhol é
um livro para quem gosta de se perder no passar ritmado das páginas, uma
aventura de leitura, um tambor tocado pelo destino.
O Pirata, o Mãos-de-Sabão, o Cegonha, o Popular, o Chico Orelhas, o Piriscas, o Bairro do Cata-Vento onde os meninos jogavam o xito e saíam pela noite levar às mães e irmãs aos seus trabalhos nas ruelas da grande cidade.
Mas também outros, adultos, como a Filomena (a moçoila gorda dos olhos sapudos), a Dona Cremilde (recitadora de terços), o Maurício, o Director, o Motorista, a "amante" do monitor Faustino, o professor hipnotizado pela liberdade da namorada e, ainda, "as entradas galegas", as "rodas mudas", o assalto à casa do Director, o pardal que tinha ninho no bolso de uma camisa, as fugas, os quartos de isolamento...
Os números pelos quais as crianças eram tratadas, 112, 118, 12 e o 78, o do João Patrício que se recusava a responder se não fosse pelo seu nome.
Trata-se de um livro onde meninos condenados pelos tribunais viviam misturados com meninos órfãos, a sua única delinquência. O tempo das célebres Colónias Penais que a Constituição da República, dando cumprimento a "todas as crianças têm direito à educação..." conseguia colocar escolas com professores habilitados dentro dos seus muros.
Margens De Um Rio Violento foi começado a escrever como denúncia e hoje impresso como memória.
Todo o cenário da novela é verídico, os comportamentos também.
Ressalve-se a liberdade de invenção de uma história.
Jesus, uma personagem abordada com uma visão humana e não divina, que nos traz um mandamento novo "Amai-vos uns aos outros", tão simples e tão difícil. Mas há uma outra personagem que o autor desvela, ele próprio, talvez sem se dar conta, ao definir o seu estado de espiritualidade, resultante de mais de seis décadas de vida, de viagens a outros países, gentes e culturas, onde o seu umbigo deixou de ser o centro do universo.